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Pesquisas sobre reações da burocracia ao desmonte de políticas públicas são tema na Veja

O Ipea acaba de publicar duas pesquisas sobre reações dentro da burocracia federal à desmontagem de políticas públicas e práticas consolidadas. As pesquisadoras Michelle Morais de Sá e Silva, da Universidade de Oklahoma (EUA), Gabriela Lotta e Mariana Costa Silveira, ambas da Fundação Getulio Vargas, e Michelle Fernandez, da Universidade de Brasília, produziram uma rara fotografia dos conflitos dentro da burocracia durante o governo Bolsonaro. Tudo, praticamente, em tempo real.
O tema é abordado em coluna da revista Veja, assinada por José Casado e publicada em 23 de junho, com o título “Campo minado”. O texto explica que as pesquisas foram realizadas com base em longas entrevistas com 1.078 servidores, em grupos distintos, durante 36 meses, entre março de 2019 e abril de 2022. A referência foi um cadastro coletivo montado por entidades do funcionalismo para casos de crise em órgãos públicos, conhecido em Brasília como “Assediômetro”.
A ANDEPS foi uma das instituições apoiadora do “Assediômetro”, junto com a Afipea, durante o período pesquisado, tendo produzido, inclusive, a cartilha “Assédio Institucional. O que é? Como enfrentar?”. A iniciativa buscou orientar os servidores públicos acerca das situações de assédio frequentes durante a gestão Bolsonaro.
“Sabe-se muito pouco, ainda, sobre o comportamento da elite da burocracia num governo que tentou enquadrar a administração civil em moldura militarista, impondo relações de hierarquia, obediência e lealdade na cadeia de comando em clima de rarefeita transparência”, afirma a coluna.
Segundo a revista, o campo começou a ser minado 72 horas depois da posse, em 3 de janeiro de 2019, quando Bolsonaro destituiu 3.000 pessoas de cargos de chefia no serviço público. A decisão nada teve a ver com padrões de eficiência no serviço público, a razão foi essencialmente política. O processo de controle da burocracia foi lento e gradual. A desconfiança virou rotina. “Medo, preocupação e autocensura passaram a ser expressões recorrentes nas entrevistas feitas na época. Muitos optaram pelo silêncio como tática de sobrevivência, por acreditarem-se perseguidos”.
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