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Podcast do G1 alerta para mulheres no degrau de baixo do funcionalismo

O podcast “O Assunto”, do G1, veiculado na segunda-feira (11/09), abordou o tema “Mulheres no degrau de baixo do funcionalismo”. No episódio, a jornalista Natuza Nery entrevistou a diplomata Irene Vida Gala, subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo e presidenta da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, e Gabriela Lotta, doutora em ciência política, professora da FGV, e vice-presidente do conselho da República.org, organização que atua na valorização do serviço público.

As mulheres são 51% da população brasileira e também são maioria entre os servidores públicos civis (61%), segundo dados da República.org, mas a proporção se inverte nos cargos de poder – neles, os homens ocupam 61% das posições. O cenário de desigualdade está disseminado pelo serviço público.

Para Irene Vila Gala, o Brasil precisa incluir no serviço diplomático mais mulheres, negros, indígenas e todos os grupos não privilegiados, para que a política externa brasileira atenda aos anseios desta população, e não apenas aos anseios de uma elite branca e masculina.

Gabriela Lotta fala sobre os fatores que explicam a desigualdade vertical nas carreiras de estado. Segundo ela, a discriminação de gênero faz com que as nomeações para cargos comissionados continuem privilegiando homens: “A rede do poder é muito masculina. Homens indicam homens, e isso vai descendo escada abaixo dentro setor público”. A mulheres que são mães também são mais penalizadas e preteridas nas indicações. A cientista política também explica por que a desigualdade salarial entre homens e mulheres no serviço público é ainda maior do que no setor privado. “As mulheres estão majoritariamente nas profissões do cuidado, que são as profissões que pagam menos durante toda a carreira.”

Para a ANDEPS, entender essas disparidades é fundamental uma vez que a carreira de Desenvolvimento de Politicas Sociais é composta por 66% de mulheres, mas esse número não se reflete em mulheres ATPSs ocupando cargos de direção, em especial, de alto nível. No podcast, a professora Gabriela Lotta explica que as ações afirmativas devem se dar desde o acesso ao serviço público, prevendo cotas para mulheres, em particular nos concursos públicos mais concorridos ou melhor remunerados, mas também a Administração deve potencializar as ações de enfrentamento aos assédios e discriminações. Estas ações podem promover uma presença feminina maior no serviço público, porque as mulheres são mais vitimizadas pelas situações de assédios moral e sexual, alijando-as de progressões na carreira e de espaços de liderança e chefia. Isso sem contar os desafios para as mulheres em conciliar a dimensão profissional – e a exigência de tempo e dedicação que cargos com mais responsabilidades exigem – com a dimensão do cuidado, no papel materno ou de apoio de outros entes da família.

A luta contra as discriminações de gênero dentro do serviço público e pela promoção de ações afirmativas, em particular dentro da carreira de Desenvolvimento de Políticas Sociais, é uma arena fundamental para a ANDEPS na construção de políticas sociais que sejam feitas por homens e mulheres em condições de menor desigualdades.

Escute o podcast na íntegra aqui.