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Refugiados climáticos, racismo ambiental e ansiedade climática: entenda esses conceitos
A tragédia que assola o Rio Grande do Sul deu visibilidade a uma série de fenômenos causados pelas mudanças climáticas que vão além do meio ambiente. Enquanto novos problemas – que surgem em consequência de chuvas e enchentes, desabamentos, ciclones, secas, entre outros eventos – eles precisam ser compreendidos pela sociedade e internalizados pelas políticas públicas e legislações.
Racismo ambiental, refugiados climáticos, ansiedade climática. Esses são alguns dos novos termos que surgem como consequência de eventos climáticos extremos, que, de forma individual ou coletiva, afetam pessoas, comunidades e até mesmo cidades inteiras.
Os eventos climáticos no Rio Grande do Sul atingiram áreas imensas e impactaram pessoas de várias classes sociais, mas o impacto maior se dá nas populações de baixa renda, que moram em locais com menos infraestrutura e estão mais suscetíveis a enchentes, como comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas entre outras, caracterizando um processo de “racismo ambiental”.
O país assiste e se solidariza a um contingente inédito de gaúchos e gaúchas também chamados de “refugiados climáticos”, que para salvar suas vidas e de seus animais de estimação, tiveram que abandonar suas casas para se proteger em equipamentos públicos ou organizados por entidades da sociedade civil.
A tensão, a insegurança e o medo vivenciados pelas pessoas diretamente e indiretamente atingidas por esses eventos climáticos extremos afetam, além das questões materiais, a saúde mental. Embora ainda pouco discutida, a “ansiedade climática” está sendo incorporada como um conceito para entender a saúde mental de pessoas prejudicadas pelas mudanças climáticas.
Considerando a necessidade de conhecer e debater esses processos, buscamos sistematizar esses conceitos:
Racismo Ambiental:
Refere-se à desigualdade racial na distribuição de impactos ambientais negativos. Isso ocorre quando comunidades minoritárias, muitas vezes compostas por pessoas negras ou indígenas, enfrentam maior exposição a poluição, áreas degradadas e riscos ambientais. Essas comunidades frequentemente vivem em locais com menor infraestrutura, acesso limitado a serviços básicos e menor capacidade de resposta a desastres naturais.
Fonte: OXFAM, 2023.
Refugiados Climáticos:
São pessoas forçadas a deixar suas casas devido a eventos climáticos extremos, como secas, inundações, furacões ou aumento do nível do mar. Essas mudanças climáticas afetam a disponibilidade de recursos naturais, como água e alimentos, tornando algumas áreas inabitáveis. O termo “refugiados climáticos” ainda não é oficialmente reconhecido pelo direito internacional, mas é uma realidade crescente que exige atenção global.
Fonte: ACNUR, 2024.
Ansiedade Climática:
É uma resposta emocional ao impacto das mudanças climáticas. Pode manifestar-se como preocupação excessiva, medo do futuro ou sensação de impotência diante dos desafios climáticos. Muitas pessoas experimentam ansiedade climática devido à incerteza sobre o futuro do planeta, eventos climáticos extremos e a percepção de que as ações individuais podem não ser suficientes para resolver o problema. Muitas vítimas de desastres climáticos viram suas casas destruídas em um instante, mas outras estão lentamente observando o ambiente ao seu redor se transformar. Os cientistas cunharam o fenômeno também como “eco-ansiedade”, como um tipo único de amálgama de luto.
Fonte: National Geographic, 2023.